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46 Anos
Tenho marcas na testa e cicatrizes pelo corpo, no meio de tantas guerras travadas do angu ainda sou caroço
46 anos e não me sinto velho, mas meus olhos já não enxergam bem, meus pés doem, carrego alguns pesos extras entre o umbigo e o queixo muito produzido pelas cervejas que bebo. Não sou ébrio, mas odeio o tédio. Tenho orgulho desse dia por ser Dia da Pátria Argentina, time que torço desde o nascimento, cores que em meu peito carrego e cada gol um brado tão alto que para muitos é mais que um esculacho Não é intencional, apenas emoção em estado puro. Descobri que hoje é o Dia do Orgulho Nerd e isso me faz sentido pelos livros que leio, pelos assuntos que estudo, pelos conhecimentos que aproveito, uma dedicação livre para que jamais fique em clausura. Nada sei, mas o que sei é para mim uma riqueza imensa que adoro compartilhar. 46 anos e já é claro que nada, absolutamente nada se faz sem o coletivo, nem o orgulho de se ter, obter e ser se faz sozinho, sem a inveja e a cobiça do outro. Por isso, as pautas que defendo tem sempre o coletivo como resguardo e se seu umbigo é o centro do mundo, cuidado com o que é produzido logo abaixo dele, pois geralmente vem à tona. 46 anos e já plantei árvore, já fiz filho e acabo de escrever um livro, talvez já possa morrer em paz, mas sou teimoso, desobediente e preguiçoso, procrastino a morte para viver um dia, todo dia. Carpe diem quotidie. Tenho marcas na testa e cicatrizes pelo corpo, no meio de tantas guerras travadas do angu ainda sou caroço e das velhas formas de se ver a vida é na alma jovem curiosa e astuta, meu predicado mais carinhoso disponível e que meus raros inimigos insistem em anexar uma pobre rima. Desse metal eu sou uma lima que afia e que desgasta. 46 anos, meus joelhos doem, meus longos cabelos estão gris, minha vista arde, mas me reconheço em toda Arte, por isso, estou cercado de pessoas legais, mesmo não tendo a mínima ideia de como agir com elas. Meu autismo reprimido ainda sugere que continuo a aprender e a saber me portar com acertos e falhas. Que tudo isso valha e agradeço a atenção dispensada com esse vermelho camarada. Hay que endurecerse, sim perder la ternura.
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