Sou reflexo de minha pretensão
Olhando-me no espelho e pensando ser real a minha imagem invertida,
Sou brisa do que seria,
Quando quis voar sem ser abatido,
Primo próximo do pobre comum,
Do cambaleante bêbado da zona e o que se oferece de estonteante,
Irmão dos botequins e da sabedoria imposta na Rua Aurora
Sou sombra da luz que não ilumina
E nem dissipa a bruma da madrugada, a Bruma das Paixões,
Nem se apaga ante tapas na cara
Ofuscando qualquer relação de dor amorosa,
Sou a contracultura,
Representante dos guetos e becos,
Armado e municiado de palavras,
Levantando a bandeira dos covardes e dos hipócritas,
Dos sem memória, da mediocridade humana
E da controversa metamorfose em que se coloca o caráter
Vejo os amantes e seus amores,
As crianças e seus brinquedos,
As putas e seus desejos,
Cada qual sincero em sua alma,
Iguais no branco dos olhos de quem os vê
E agora os relata em tortas letras
Há de se ter coragem, mas toda lucidez é opaca
Assim, prefiro acompanhar em vista o rosto no espelho e me imaginar real,
As personagens na janela do tempo e os tornar heróis,
As letras que escrevo como demonstração artística,
Mas, serei um mísero relator do nada,
Delator da falta de pecado,
Fingidor de mim,
Libertador do centro da cidade,
Orador sem público dos versos da insanidade
Passarei como incógnita e invisível
Ante a humanidade que agora segue em seu curso,
Contrário de onde vim,
Quando apenas me referia ao ponto final.
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